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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Ricardo Reis - Heterônimo de Fernando Pessoa

Ricardo Reis (19 de setembro de 1887) é um dos quatro heterónimos mais conhecidos de Fernando Pessoa, tendo sido imaginado de relance pelo poeta em 1913 quando lhe veio à ideia escrever uns poemas de índole pagã. Nasceu no Porto, estudou num colégio de jesuítas, formou-se em medicina e, por ser monárquico, expatriou-se espontaneamente desde 1919, indo viver no Brasil. Era latinista por formação clássica e semi-helenista por autodidactismo. Na sua biografia não consta a sua morte, no entanto José Saramago faz uma intervenção sobre o assunto em seu livro O Ano da Morte de Ricardo Reis, situando a morte de Reis em 1936. Nascido no Porto, no dia 19 de Setembro de 1887. Recebeu uma forte educação clássica num colégio de jesuítas e formou-se em Medicina, profissão que exerce. Vive no Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico, na sequência da derrota da rebelião monárquica do Porto contra o regime republicano. É um latinista por educação, e um semi-helenista por educação própria. Obra: - As primeiras obras foram publicados em 1924, na revista Athena, fundada por Fernando Pessoa. Mais tarde foram publicados oito odes, entre 1927 e 1930, na revista Presença, de Coimbra. Os restantes poemas e prosas são de publicação póstuma. Temas: - Reis, também discípulo de Caeiro, admira a serenidade e a calma com que este encara a vida[2], por isso, inspirado pela clareza, pelo equilíbrio e ordem do seu espírito clássico greco-latino, procura atingir a paz e o equilíbrio sem sofrer, através da autodisciplina e das seguintes doutrinas gregas: [editar]Epicurismo Doutrina baseada num ideal de sabedoria que busca a tranquilidade da alma através das seguintes regras: Não temer a morte - Levando o poeta ao Fatalismo, tendo a morte como única certeza na vida. Procurar os simples prazeres da vida em todos os sentidos, sem preocupações com o futuro (carpe diem), mas sem excessos - Deste modo aprende a viver cada instante como se fosse o último; e faz da vida simples campestre um ideal (aurea mediocritas); Fugir à dor - Como defesa contra o sofrimento, sobrepõe a razão sobre a emoção;
Estoicismo:- Doutrina que tem como ideal ético a apatia - ausência de envolvimento emocional excessivo que permite a liberdade – , e que propõe as seguintes regras para alcançar a felicidade (relativa, pois não pretende um estado de alegria mas sim de um contentamento inconsciente): Dominar as paixões – Suscita uma atitude de indiferença; Recusa o amor para evitar ter desilusões, de modo a que nada perturbe a serenidade e a razão, e porque este é uma inutilidade e está já condenado, uma vez que tudo na vida tem um fim; Aceitar a ordem universal das coisas, incluindo a morte - Revela a faceta conformista, considerando a vida como efémera, um fluir para a morte e essa consciência não lhe gera nem angústia nem revolta. Porém, Reis admite a limitação e a fatalidade desta condição humana, e pretende chegar à morte de mãos vazias de modo a não ter nada a perder; e inspirado na mitologia clássica, considera a vida como uma viagem cujo fluir e fim é inevitável. Estilo: - Poesia com muitas alusões mitológias, com uma linguagem culta e precisa, sem qualquer espontaneidade. Estilo neoclássico influenciado pelo poeta latino Horácio, com utilização frequente da ode. Uso de um vocábulo culto e alatinado com O principal recurso ao hipérbato. Emprego do gerúndio e do imperativo (ou conjuntivo com valor de imperativo) com carácter exortativo, ao serviço do tom sentencioso e do carácter moralista presentes nos seus poemas. Quadro-Síntese: - Aspectos temáticos Aspectos formais Harmonia entre o epicurismo e o estoicismo; Uso de vocabulário erudito e preciso; Autodisciplina, renunciando às fortes emoções; Recurso a arcaísmos; Procura da ataraxia; Formas estróficas e métricas de influência clássica – Ode. Renúncia da vida através da recusa do amor e da consciência da inutilidade do esforço de mudança; Influência latina através da anástrofe e do hipérbato; Elogio do carpe diem; Predomínio da subordinação; Elogio da vida campestre (aurea mediocritas); Uso frequente de advérbios de modo; Fatalismo – o destino é força superior ao homem; Recurso ao gerúndio; Aceitação calma do destino; Uso do imperativo como manifestação de atitude filosófica; Obsessão da efemeridade da vida; Diálogo permanente com um "tu" – coloquialidade. Consciência da fugacidade do tempo; Aparente tranquilidade, na qual se reconhece a angústia existencial do ortónimo; Neopaganismo – os deuses também estão sujeitos ao Fado e alusões mitológicas; Intenção didáctica dos seus versos; Elogio à carência das ideias dogmáticas e filosóficas como meio de manter-se puro e tranquilo;
"Cada um cumpre o destino que lhe cumpre, E deseja o destino que deseja; Nem cumpre o que deseja, Nem deseja o que cumpre. Como as pedras na orla dos canteiros O Fado nos dispõe, e ali ficamos; Que a Sorte nos fez postos Onde houvemos de sê-lo. Não tenhamos melhor conhecimento Do que nos coube que de que nos coube. Cumpramos o que somos. Nada mais nos é dado." (Ricardo Reis - Cada Um)

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