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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Bernardo Soares - Heterônimo de Fernando Pessoa

A instância da ficção que se desenvolve no livro é insignificante, porque trata-se de uma "autobiografia sem fatos", como o próprio Fernando Pessoa situa o livro. Dessa forma, o que interessa em sua prosa fragmentária é a dramaticidade das reflexões humanas que vêm à tona na insistência de uma escrita que se reconhece inviável, inútil e imperfeita, à beira do tédio, do trágico e da indiferença estética. O fato de Fernando Pessoa considerar (em cartas e anotações pessoais) Bernardo Soares um semi-heterônimo faz pensar na maior proximidade de temperamento entre Pessoa e Soares. Nesse sentido, para alguns, o jogo heteronímico ganha em complexidade e Pessoa logra o êxito da construção de si mesmo como o mais instigante mito literário português na Modernidade. Bernardo Soares é um tipo particular dentre os heterônimos do poeta e escritor português Fernando Pessoa. É o autor do Livro do Desassossego, escrito em forma de fragmentos. Apesar de fragmentário, o livro é considerado uma das obras fundadoras da ficção portuguesa no século XX, ao encenar na linguagem categorias várias que vão desde o pragmatismo da condição humana até o absurdo da própria literatura. Bernardo Soares é, dentro da ficção de seu próprio livro, um simples ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa. Conheceu Fernando Pessoa numa pequena casa de pasto freqüentada por ambos. Foi aí que Bernardo deu a ler a Fernando seu “Livro do Desassossego”. É considerado um semi-heterónimo porque, como seu próprio criador explica "não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afetividade." A instância da ficção que se desenvolve no livro é insignificante, porque trata-se de uma "autobiografia sem factos", como o próprio Fernando Pessoa situa o livro. Dessa forma, o que interessa na prosa fragmentária que Bernardo Soares desenvolve é a dramaticidade das reflexões humanas que vêm à tona na insistência de uma escrita que se reconhece inviável, inútil e imperfeita, à beira do tédio, do trágico e da indiferença estética. Por essa razão, diversos fragmentos do livro são investigações íntimas das sensações provocadas pelo anonimato, pela cotidianeidade da vida comum e todo o "universo" da baixa de Lisboa. O fato de Fernando Pessoa considerar (em cartas e anotaçoes pessoais) Bernardo Soares um semi-heterônimo faz pensar na maior proximidade de temperamento entre Pessoa e Soares. A crítica especializada tem procurado demonstrar que é exatamente esse jogo de máscaras operado por Bernardo Soares, entre a heteronimia e a semi-heteronimia, o que permite pensar como ainda mais relativo o estatuto de ortônimo que Fernando Pessoa confere a si mesmo quando escreve em nome de sua própria personalidade literária. Nesse sentido, para alguns, o jogo heteronímico ganha em complexidade e Pessoa logra o êxito da construção de si mesmo como o mais instigante mito literário português na Modernidade.
"De repente, veja só!... sou estranho a mim mesmo E percebendo-me, todavia,mais original que nunca... Um novo amor. ah!... um único amor, o último amor! Pois sempre soube que o seria...Mágico, lindo... Mesmo sem conhecê-lo... exceto oculto em mim Desde sempre já o sentia eterno! Agora, antes mesmo de tê-lo, Diz-se no fim. E eu o quero..." (De repente acontece - Bernardo Soares)

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