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terça-feira, 10 de julho de 2012

Paul McCartney - Outras atividades

Música clássica: Paul McCartney desenvolveu outros interesses fora o rock. Em 1991 lançou seu primeiro álbum de música clássica, o Liverpool Oratorio. O álbum foi composto em colaboração com Carl Davis para comemorar o 150 aniversário do The Royal Liverpool Philharmonic Orchestra. Em 1997 McCartney lançou seu segundo álbum clássico, o Standing Stone. Em 2000 lançou A Garland For Linda, um álbum em homenagem a Linda e que contou com composições não só de McCartney mas de outros nove compositores contemporâneos. Em 2006 foi a vez do lançamento de Ecce Cor Meum.
Música eletrônica: Em 1995, McCartney gravou uma série de programas de rádio chamado Oobu Joobu que acabou gerando um série de álbuns bootlegs. Na década de 90, trabalhou em um projeto de música eletrônica com o baixista do Killing Joke, Youth, com pseudônimo de The Fireman lançando três álbuns, Strawberries Oceans Ships Forest (em 1993), Rushes (em 1998) e Electric Arguments (em 2008).
Literatura: Em 1984, McCartney escreveu e produziu a animação Rupert and the Frog Song. Em 2001, lançou o livro Blackbird Singing com alguns poemas compostos de letras de suas canções. Em 2005, lançou o livro infantil High In The Clouds: An Urban Furry Tail.
Ativismo: Paul e Linda McCartney se tornaram defensores da comida vegetariana e dos direitos dos animais, tendo até participado de um episódio da série "Os Simpsons" relacionado ao tema. Em 1999, McCartney gastou 3 milhões de libras para garantir que a comida de Linda fosse isenta de modificações feitas pela engenharia genética. Após o casamento de McCartney com Heather Mills, ele passou a apoiar a campanha contra minas terrestres. Eles foram patronos da Adopt-A-Minefield.
Negócios: Paul McCartney é um dos homens mais ricos da Inglaterra, seu patrimônio é avaliado em 670 milhões de libras. Em 1975, McCartney fundou a MPL Communications ("McCartney Productions Limited") que cuida de seus direitos autorais e também possui um catálogo de outros músicos entre eles Buddy Holly, Carl Perkins e Meredith Willson.

Paul McCartney - Vida Pessoal

Paul McCartney foi o último beatle a se casar. Ele namorou por 5 anos a atriz Jane Asher, de quem acabou ficando noivo. Porém o noivado acabou em 1968. McCartney conheceu Jane quando os Beatles foram se apresentar no Royal Albert Hall em 1963.Ela foi entrevistá-los para a BBC. Pouco tempo depois, os dois engataram um namoro. Não demorou muito para Paul conhecer a família de Jane. O Pai de Jane era médico e ela tinha dois irmãos, Peter e Clare. Paul acabou indo morar com os Asher o que durou três anos. Em 1965, McCartney comprou uma residência na 7 Cavendish Avenue por 40 mil libras. Paul escreveu diversas canções inspirado em Jane como por exemplo "And I Love Her", "You Won't See Me", "I'm Looking Through You", "Honey Pie", e "All My Loving".
Em 25 de dezembro de 1967 McCartney e Jane Asher anunciaram o noivado, logo após ela o acompanhou em uma viagem para a Índia. Ela terminaria o noivado pouco tempo depois, em 1968, após voltar de Bristol e encontrar McCartney na cama com outra mulher.
Casamento com Linda Eastman>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Em 1967, McCartney conheceu Linda Eastman, uma fotógrafa norte-americana, antes do fim de seu noivado com Jane Asher, em um clube noturno de Londres. Ela estava em Londres para tirar fotos de músicos ingleses ligados ao Swinging London. Após o rompimento de McCartney e Asher, ele se encontrou com Linda em Nova York na ocasião do anúncio do lançamento da Apple Corps. Não demorou muito para os dois começarem um relacionamento.
Em 12 de março de 1969, ele se casou com Linda e adotou a filha dela, Heather. Com Linda, McCartney teve três filhos: Mary (nascida em 1969), Stella (nascida em 1971) e James (nascido em 1977). Após a separação dos Beatles, Linda se tornou parte da carreira de McCartney. Fez parte da banda Wings, tocou piano em shows e discos solos de McCartney. Em 1998 Linda morreu de câncer no seio em Tucson, Arizona. Na época houve rumores que sua morte foi eutanásia porém McCartney sempre negou isso.
Atualmente, Paul McCartney tem seis netos frutos de seu casamento com Linda. Mary tem dois filhos (Arthur Alistair Donald nascido em 3 de abril de 1999 e Elliot Donald nascido em 1 de agosto de 2002) e Stella tem dois filhos (Miller Alasdhair James Willis nascido em 25 de fevereiro de 2005 e Beckett, de 2 anos)e duas filhas (Bailey Linda Olwyn Willis nascida em 8 de dezembro de 2006 e Reiley, nascida 30 de novembro de 2010).

Paul MacCartney - Últimos Casamentos e Drogas

O casamento de Paul com a modelo Heather Mills aconteceu em 11 de junho de 2002, na catedral protestante "Saint Salvator," do Castelo Leslie, construída no Século XVII, uma propriedade remota na Irlanda, com uma recepção para 300 convidados. E, como manda o figurino, Heather fez seus convidados esperar pela sua chegada.Mas tudo indica que valeu a pena os convidados terem esperado pela noiva, pois foi considerado o nº 2 entre os casamentos mais extravagantes, de acordo com a revista "People Magazine", com um custo de $3,2 milhões de dólares. A festa contou com algumas das mais famosas celebridades do cenário da música pop internacional, como: Elton John, David Gilmour, Eric Clapton, Ringo Starr, George Martin, Jools Holland, Tim Rice, Chrissie Hynde, entre outras. Em 2003 nasceu a primeira e única filha do casal, Beatrice.
Em 17 de maio de 2006, sitios na internet anunciaram a separação do casal. Houve diversas sugestões, em especial de fãs e simpatizantes de Paul McCartney, de que Heather só buscava o dinheiro por trás do casamento dela com Paul, e o jornal inglês "Evening Standard" chegou a publicar, em 18 de maio de 2006, uma matéria que buscava entender a separação do casal e também esclarecendo que aquela não seria uma boa hora para uma piada de mal gosto sobre a versão de "When I'm Sixty-Four", dada a ironia de que, no mês seguinte à matéria do Standard, Paul faria 64 anos; e apesar de Paul perguntar, na canção, se "ela" ainda o amaria, a verdadeira resposta para a pergunta que Paul faz na canção era a mais triste de todas.
Contudo, apesar de todas as sugestões de fãs e algumas especulações de críticos de que Heather estava "buscando o pote de ouro," tudo não passava de especulação e boatos, pois o simpático e educado ex-Beatle rebateu no mesmo dia, no seu portal da Internet, as sugestões de que ela, Heather Mills McCartney, só tinha se casado com ele "por dinheiro" e chamou-a de uma "pessoa generosa.". No mesmo dia, em entrevista para o Evening Standard, Heather respondeu às acusações de ter se casado por dinheiro alegando não ser uma golpista. Em publicação do jornal inglês The Sun foram reveladas fotos indicando que Heather teria trabalhado em um filme pornô. No entanto, após a notícia ter chegado aos jornais e televisão, os advogados de Heather se pronunciaram alegando que as fotos tinham sido tiradas mais de 20 anos antes da data da tal publicação no jornal e que não foram fotos para filme pornô algum, ou tampouco livro pornô como o jornal publicara inicialmente, mas fotos para uma publicação escolar sobre educação sexual. Em 2007 eles fizeram um acordo. A imprensa anunciou que McCartney teria pago 32 milhões de libras pelo divórcio. No entanto a batalha judicial chegou ao fim em 17 de março de 2008, quando um juiz britânico decidiu que McCartney deveria pagar à ex-mulher a quantia de 24,3 milhões de libras (equivalentes a 48,6 milhões de dólares). Segundo o tablóide Daily Mail, o músico chegou a oferecer a Mills a soma de 55 milhões de libras esterlinas (110 milhões de dólares) para evitar que sua filha Béatrice, de quatro anos, fosse motivo de uma longa batalha judicial.
Casamento com Nancy Shevell - >>: Em 9 de Outubro de 2011, Paul se casou com a empresária americana Nancy Shevell. Stella, filha de McCartney com Linda Eastman, a sua primeira mulher, desenhou o vestido da noiva.
Envolvimento com drogas - >>: Em fevereiro de 2012, a quatro meses de completar 70 anos de idade, em entrevista à edição americana da revista Rolling Stone, Paul McCartney afirmou que iria parar de fumar maconha por causa de sua filha com Heather Mills, Beatrice, então com 8 anos de idade:>>>>>>> "Já fumei o suficiente. Quando você está cuidando da criação de um jovem, seu senso de responsabilidade aparece, se você tiver sorte, em algum momento. (...) Já chega — você não vê mais necessidade." (Paul McCartney)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

FERNANDO PESSOA - Biografia

"Sonho. Não sei quem sou neste momento. Durmo sentindo-me. Na hora calma Meu pensamento esquece o pensamento, Minha alma não tem alma. Se existo é um erro eu o saber. Se acordo Parece que erro. Sinto que não sei. Nada quero nem tenho nem recordo. Não tenho ser nem lei. Lapso da consciência entre ilusões, Fantasmas me limitam e me contêm. Dorme insciente de alheios corações, Coração de ninguém." Fernando Pessoa, Cancioneiro - 06-1-1923) >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português. É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões. O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo".Por ter sido educado na África do Sul, para onde foi aos seis anos em virtude do casamento de sua mãe, Pessoa aprendeu perfeitamente o inglês, língua em que escreveu poesia e prosa desde a adolescência. Das quatro obras que publicou em vida, três são na língua inglesa. Fernando Pessoa traduziu várias obras inglesas para português e obras portuguesas (nomeadamente de António Botto e Almada Negreiros) para inglês.
"Tão cedo passa tudo quanto passa! Morre tão jovem ante os deuses quanto Morre! Tudo é tão pouco! Nada se sabe, tudo se imagina. Circunda-te de rosas, ama, bebe E cala. O mais é nada." (Odes de Ricardo Reis, 3-1-1923)
"Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário. Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas. Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue. Se sentir saudades, mate-a. Se perder um amor, não se perca! Se o achar, segure-o!" (Fernando Pessoa)
Ao longo da vida trabalhou em várias firmas comerciais de Lisboa como correspondente de língua inglesa e francesa. Foi também empresário, editor, crítico literário, jornalista, comentador político, tradutor, inventor, astrólogo e publicitário, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária em verso e em prosa. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra. Centro irradiador da heteronímia, auto-denominou-se um "drama em gente".
"Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu que verifico que não tenho par nisto neste mundo. Toda a gente que eu conheço e que fala comigo, Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu um enxovalho, Nunca foi senão - princípe - todos eles princípes - na vida... Quem me dera ouvir de alguém a voz humana, Quem confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó princípes, meus irmãos, Arre, estou farto de semideuses! Onde há gente no mundo?" (Àlvaro de Campos)
"Não sei quantas almas tenho Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem achei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem, Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que segue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo: <> Deus sabe, porque o escreveu." (Fernando Pessoa)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Fernando Pessoa - Primeiros anos em Lisboa

"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, Não há nada mais simples. Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus." >>> Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; escrito entre 1913-15; publicado em Atena nº 5 de Fevereiro de 1925.
(Pessoa com 3 anos) Às três horas e vinte minutos da tarde de 13 de Junho de 1888 nasce em Lisboa Fernando Pessoa. O parto ocorreu no quarto andar direito do n.º 4 do Largo de São Carlos, em frente à ópera de Lisboa (Teatro de São Carlos). De famílias da pequena aristocracia, pelos lados paterno e materno, o pai, Joaquim de Seabra Pessoa (38), natural de Lisboa, era funcionário público do Ministério da Justiça e crítico musical do «Diário de Notícias». A mãe, D. Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa (26), era natural dos Açores (mais propriamente, da Ilha Terceira). Viviam com eles a avó Dionísia, doente mental, e duas criadas velhas, Joana e Emília.
O poeta, pelo lado paterno, tem as suas raízes familiares no concelho de Arouca, nas freguesias do denominado «Fundo do Concelho» de Arouca, na freguesia de Fermedo. Fernando António foi baptizado em 21 de Julho na Basílica dos Mártires, ao Chiado, tendo por padrinhos a Tia Anica (D. Ana Luísa Pinheiro Nogueira, tia materna) e o General Chaby. A escolha do nome homenageia Santo António: a família reclamava uma ligação genealógica com Fernando de Bulhões, nome de baptismo de Santo António, tradicionalmente festejado em Lisboa a 13 de Junho, dia em que Fernando Pessoa nasceu. As suas infância e adolescência foram marcadas por factos que o influenciariam posteriormente. Às cinco horas da manhã de 24 de Julho de 1893, o pai morreu, com 43 anos, vítima de tuberculose. A morte foi anunciada no Diário de Notícias do dia. Fernando tinha apenas cinco anos. O irmão Jorge viria a falecer no ano seguinte, sem completar um ano. A mãe vê-se obrigada a leiloar parte da mobília e muda-se para uma casa mais modesta, o terceiro andar do n.º 104 da Rua de São Marçal. Foi também neste período que surgiu o primeiro heterónimo de Fernando Pessoa, Chevalier de Pas, facto relatado pelo próprio a Adolfo Casais Monteiro, numa carta de 1935, em que fala extensamente sobre a origem dos heterónimos. Ainda no mesmo ano, escreve o primeiro poema, um verso curto com a infantil epígrafe de À Minha Querida Mamã. A mãe casa-se pela segunda vez em 1895 por procuração, na Igreja de São Mamede, em Lisboa, com o comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban (África do Sul), que havia conhecido um ano antes. Em África, onde passa a maior parte da juventude e recebe educação inglesa, Pessoa viria a demonstrar desde cedo talento para a literatura.
(Fernando Pessoa e sua mãe)

Fernando Pessoa - Juventude em Durban

Em razão do casamento, viaja com a mãe para Durban, acompanhados por um tio-avô, Manuel Gualdino da Cunha, que voltaria para Lisboa no mês seguinte. Viajam no navio Funchal até à Madeira e depois no paquete Inglês Hawarden Castle até ao Cabo da Boa Esperança. Faz a instrução primária na escola de freiras irlandesas da West Street, onde fez a primeira comunhão, e percorre em dois anos o equivalente a quatro.
Em 1899 ingressa no Liceu de Durban, onde permanecerá durante três anos e será um dos primeiros alunos da turma. No mesmo ano, cria o pseudónimo Alexander Search, através do qual envia cartas a si mesmo. No ano de 1901, é aprovado com distinção no primeiro exame Cape School High Examination e escreve os primeiros poemas em inglês. Na mesma altura, morre sua irmã Madalena Henriqueta, de dois anos. Em 1901 parte com a família para Portugal, para um ano de férias. No navio em que viajam, o paquete König, vem o corpo da irmã. Em Lisboa, mora com a família em Pedrouços e depois na Avenida de D. Carlos I, n.º 109, 3.º Esquerdo. Na capital portuguesa, nasce João Maria, quarto filho do segundo casamento da mãe de Pessoa. Viaja com a família à Ilha Terceira, nos Açores, onde vive a família materna. Deslocam-se também a Tavira para visitar os parentes paternos. Nessa época, escreve o poema Quando ela passa. Tendo de dividir a atenção da mãe com os filhos do casamento e com o padrasto, Pessoa isola-se, o que lhe propicia momentos de reflexão. Tendo recebido uma educação britânica, que lhe proporcionou um profundo contacto com a língua inglesa, os seus primeiros textos e estudos foram em inglês. Mantém contacto com a literatura inglesa através de autores como Shakespeare, Edgar Allan Poe, John Milton, Lord Byron, John Keats, Percy Shelley, Alfred Tennyson, entre outros. O Inglês teve grande destaque na sua vida, trabalhando com o idioma quando, mais tarde, se torna correspondente comercial em Lisboa, além de o utilizar em alguns dos seus textos e traduzir trabalhos de poetas ingleses, como O Corvo e Annabel Lee de Edgar Allan Poe. Com excepção de Mensagem, os únicos livros publicados em vida são os das colectâneas dos seus poemas ingleses: Antinous e 35 Sonnets e English Poems I - II e III, editados em Lisboa, em 1918 e 1921.
(Fernando Pessoas aos 6 anos - Traje de marujo)
(Pessoa com 10 anos) Fernando Pessoa permanece em Lisboa, enquanto todos — mãe, padrasto, irmãos e criada Paciência, que viera com ele — regressam a Durban. Volta sozinho para a África no vapor Herzog. Matricula-se na Durban Commercial School, escola comercial de ensino nocturno, enquanto de dia estuda as disciplinas humanísticas para entrar na universidade. Nesse período, tenta escrever contos em inglês, alguns dos quais com o pseudónimo de David Merrick, que deixa inacabados. Em 1903, candidata-se à Universidade do Cabo da Boa Esperança. Na prova de exame de admissão, não obtém boa classificação, mas tira a melhor nota entre os 899 candidatos no ensaio de estilo inglês. Recebe por isso o Queen Victoria Memorial Prize («Prémio Rainha Vitória»). Um ano depois, ingressa novamente na Durban High School, onde frequenta o equivalente a um primeiro ano universitário. Aprofunda a sua cultura, lendo clássicos ingleses e latinos. Escreve poesia e prosa em inglês, surgindo os heterónimos Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher. Nasce a sua irmã Maria Clara. Publica no jornal do liceu um ensaio crítico intitulado Macaulay. Por fim, encerra os seus bem sucedidos estudos na África do Sul com o «Intermediate Examination in Arts», na Universidade, obtendo uma boa classificação.
Fernando Pessoa e sua mãe: Maria Madalena Pinheiro Nogueira (1862-1925)
Fernando Pessoa e seu pai: Joaquim de Seabra Pessoa (1850-1893)

Fernando Pessoa - Volta definitiva a Portugal e início de carreira

Deixando a família em Durban, regressa definitivamente à capital portuguesa, sozinho, em 1905. Passa a viver com a avó Dionísia e as duas tias na Rua da Bela Vista, n.º 17. A mãe e o padrasto regressam também a Lisboa, durante um período de férias de um ano em que Pessoa volta a morar com eles. Continua a produção de poemas em inglês e, em 1906, matricula-se no Curso Superior de Letras (actual Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), que abandona sem sequer completar o primeiro ano. É nesta época que entra em contato com importantes escritores portugueses. Interessa-se pela obra de Cesário Verde e pelos sermões do Padre António Vieira.
Em Agosto de 1907, morre a sua avó Dionísia, deixando-lhe uma pequena herança, com a qual monta uma pequena tipografia, na Rua da Conceição da Glória, 38-4.º, sob o nome de «Empreza Ibis — Typographica e Editora — Officinas a Vapor», que rapidamente faliu. A partir de 1908, dedica-se à tradução de correspondência comercial, uma actividade a que poderíamos dar o nome de "correspondente estrangeiro". Nessa profissão trabalha a vida toda, tendo uma modesta vida pública. Inicia a sua atividade de ensaísta e crítico literário com o artigo «A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada», a que se seguiriam «Reincidindo…» e «A Nova Poesia Portuguesa no Seu Aspecto Psicológico» publicados em 1912 pela revista A Águia, órgão da Renascença Portuguesa. Frequenta a tertúlia literária que se formou em torno do seu tio adoptivo, o poeta, general aposentado Henrique Rosa, no Café A Brasileira, no Largo do Chiado em Lisboa. Mais tarde, já nos anos vinte, o seu café preferido seria o Martinho da Arcada, na Praça do Comércio, onde escrevia e se encontrava com amigos e escritores. Em 1915 participou na revista literária Orpheu, a qual lançou o movimento modernista em Portugal, causando algum escândalo e muita controvérsia. Esta revista publicou apenas dois números, nos quais Pessoa publicou em seu nome, bem como com o heterónimo Álvaro de Campos. No segundo número da Orpheu, Pessoa assume a direcção da revista, juntamente com Mário de Sá-Carneiro. Em Outubro de 1924, juntamente com o artista plástico Ruy Vaz, Fernando Pessoa lançou a revista Athena, na qual fixou o «drama em gente» dos seus heterónimos, publicando poesias de Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, bem como do ortónimo Fernando Pessoa.